21/08/2020

Entrevista publicada na Revista People em 1976, com Imi Lichtenfeld, o criador do Krav Magá.

Entrevista publicada na Revista People em 1976, com Imi Lichtenfeld, o criador do Krav Magá.

O texto abaixo é uma livre tradução da matéria publicada pela revista People em 15 de novembro de 1976. Escrita por Arturo F. Gonzalez Jr pode ser acessada no arquivo virtual da revista, neste link (https://people.com/archive/its-called-kosher-kungfu-but-imi-lichtenfelds-new-martial-art-is-a-deadly-affair-vol-6-no-20/)

It's Called 'Kosher Kungfu' but Imi Lichtenfeld's New Martial Art Is a Deadly Affair

By Arturo F. Gonzalez Jr. Updated November 15, 1976

"Tente me estrangular, por favor". É o gentil pedido de Imi Lichtenfeld, 66 anos de idade, em Tel Aviv, para um de seus alunos. Enquanto o aluno principiante o ataca, a rígida palma da mão de Imi parte em direção a traquéia do agressor. "Eu não queria lutar", Imi explica. "Agora, é você quem não quer brigar. Na verdade, você tem sorte de ainda estar vivo."

Imi, 1,70m e 68kg, é conhecido como o criador do Krav Maga. O nome vem do hebraico, onde Krav significa luta, combate e Maga significa contato.

Imi se tornou internacionalmente reconhecido, e possui 8 Dan's em sua faixa preta. Em sua forma pura, o Krav Magá é muito perigoso para ser utilizado em competições. “Quando uma arte marcial vira esporte, como o judô por exemplo, os movimentos mais letais têm que ser restringidos”, diz Imi. “Isso destrói o princípio básico do krav maga: você automaticamente termina uma briga colocando um ponto final na agressão inutilizando seu oponente.”

Imi dá aulas em uma academia fora de Tel Aviv. Sem filhos, casado há 16 anos, mora com sua esposa Elana nas proximidades. Quando o exército israelense foi formado em 1948, era Sargento-Mor do regimento encarregado pelo treinamento de combate corpo a corpo. “O que eu estava ensinando”, diz, “era uma combinação de judô, caratê, akido, kungfu e boxe”. Sua técnica, agora, é o padrão utilizado nas forças de defesa israelenses. Se os pára-quedistas israelenses, na recente missão de resgate de Entebbe, tivessem lutado contra os ugandenses, eles teriam usado o krav-maga.

Imi "programa" seus alunos como se fossem computadores. “Depois de ter toda a informação dentro da sua cabeça você pode vencer qualquer um. Seus olhos estão imaginando a posição e o ângulo que seu corpo está em relação ao oponente e fazendo cálculos para você. ”

Parte da essência do krav maga está na economia de movimentos, ao contrário das coreografias e situações imaginárias das outras artes marciais, que Imi considera inflexíveis demais. Os alunos de Imi são ensinados a limitar os golpes de seus oponentes, com defesas nas partes externas de seus braços e pernas simultâneos a golpes para a garganta, barriga, tórax ou virilha. “Eu desenvolvi um movimento de faca”, diz Imi, “que nenhum oponente pode parar. Mas eu não quero publicar. É muito perigoso."

Imi foi criado em Bratislava, capital da Tchecoslováquia, onde seu pai, Samuel, era inspetor de polícia e um pioneiro nas artes marciais na Europa. “Ele fundou uma escola de jiu-jitsu em 1907”, lembra Imi. “Ele era um bom policial. Ele tinha que ser duro para sobreviver ”.

Imi também precisava. “Comecei a lutar contra o anti-semitismo nos anos 30”, diz ele. “Quando as gangues de jovens de Hitler costumavam isolar jovens judeus nas ruas, era lutar ou fugir. Achei que lutar era mais satisfatório. ”

Durante a Segunda Guerra Mundial, Imi serviu em um regimento tcheco, ao qual ingressou depois de ser resgatado por um destróier britânico de um navio que estava afundando no Mediterrâneo. A maior parte de sua família morreu nas câmaras de gás dos nazistas. No final da guerra, ele se estabeleceu na região da Palestina. Civil desde 1963, Imi continuou, especializando-se na instrução de paraquedistas, soldados e professores de educação física.

Atualmente, Imi está tentando modificar o krav maga, para que a defesa pessoal possa ser ensinada aos jovens israelenses. “Quero que todos neste país”, diz ele, “estejam prontos para a luta”.

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